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Democracia à prova: o papel das instituições em tempos de incerteza


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A recente cirurgia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reacendeu preocupações sobre a estabilidade da arquitetura política brasileira. Em um sistema que depende de uma delicada rede de alianças e negociações para garantir a governabilidade, a ausência temporária ou inesperada de um chefe do Executivo pode trazer lembranças traumáticas para a nação. O episódio da doença de Tancredo Neves, em 1985, quando o então presidente eleito não chegou a tomar posse, marcou profundamente a história política do país e ressaltou a fragilidade do equilíbrio institucional em momentos críticos.


Tancredo Neves foi eleito pelo colégio eleitoral após uma disputa emblemática contra Paulo Maluf, simbolizando o fim do regime militar e a transição para a democracia. Sua internação e posterior morte geraram uma lacuna de lideranças no momento em que o Brasil mais precisava de estabilidade e esperança. Assim como naquele período, a saúde de um presidente continua a evidenciar a dependência excessiva do sistema político em figuras individuais, ao invés de estruturas institucionais autossustentáveis.


No entanto, diferentemente de 1985, o Brasil de hoje conta com mecanismos democráticos mais consolidados. A linha sucessória presidencial, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal formam um tripé institucional projetado para absorver choques e evitar rupturas. Ainda assim, a efetividade dessas instituições depende da confiança pública e do comprometimento das lideranças políticas com o Estado democrático de direito, especialmente em momentos de tensão e incerteza.


Em um cenário de polarização política, fortalecer essa confiança é um desafio contínuo. A democracia se sustenta não apenas nas leis, mas também na cultura política de respeito às regras do jogo e na crença coletiva de que as instituições são capazes de superar crises. Para tanto, é essencial promover a transparência, a educação política e o diálogo. Essas ações não apenas reforçam os alicerces democráticos, mas também criam um ambiente mais previsível e seguro para o país.


A operação de Lula serve como um alerta para que a nação nunca dependa exclusivamente de indivíduos, mas sim de instituições resilientes. O trauma de Tancredo Neves nos ensina que a estabilidade democrática não é apenas uma questão de liderança, mas de construção coletiva. Mais do que nunca, é fundamental que todos — governantes e cidadãos — atuem na preservação dos valores democráticos, garantindo que o futuro da República seja guiado pela força de suas instituições, e não pelos riscos de sua fragilidade.




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