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Veto ao “Dia da Cegonha Reborn” reacende debate sobre saúde mental e vínculos afetivos

Projeto foi barrado pela prefeitura do Rio e impulsionou discussões sobre o uso das bonecas reborn em contextos emocionais e terapêuticos


Foto: Walter Campanato/Agência Brasil
Foto: Walter Campanato/Agência Brasil


O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) vetou o projeto de lei que criaria o “Dia da Cegonha Reborn” no calendário oficial da cidade. A proposta buscava reconhecer o trabalho de artesãs que produzem bonecas reborn — réplicas realistas de bebês. A decisão foi divulgada nas redes sociais do prefeito nesta segunda-feira (02/06).


A justificativa do veto foi publicada com a frase: “Com todo respeito, mas não dá.” A repercussão nas redes sociais ampliou o debate sobre o significado do uso das bonecas reborn em tempos de conexões digitais frágeis e solidão afetiva.


Uso das bonecas envolve questões emocionais e terapêuticas


As bonecas reborn são utilizadas, principalmente, por pessoas que vivenciaram perdas gestacionais, enfrentam dificuldades de fertilidade ou lidam com traumas emocionais. Também têm aplicação terapêutica no cuidado com idosos diagnosticados com demência.


Especialistas apontam que, embora possam oferecer conforto emocional, o uso das bonecas sem acompanhamento psicológico pode ocultar dores profundas e lutos não elaborados. O alerta é para o risco de substituição de relações humanas reais por vínculos simbólicos e controlados.


Especialistas analisam a dimensão social do fenômeno


Segundo o sociólogo Marcelo Senise, especialista em comportamento digital, as bonecas reborn refletem uma sociedade em processo de fragilização emocional. Para ele, o fenômeno revela uma tentativa de criar vínculos previsíveis e livres de conflito.


“As reborn não são o problema, mas um sintoma. Elas oferecem a ilusão de um afeto que não abandona e de uma presença sem desafios”, afirma Senise.



Marcelo Senise. Foto: Divulgação
Marcelo Senise. Foto: Divulgação

Críticas ao foco do debate e à omissão sobre temas mais graves


Senise também alerta para o desvio de atenção que o debate pode gerar. Ele menciona o crescimento do consumo de pornografia infantil no Brasil como um problema concreto que exige enfrentamento. “Condenamos simbolismos enquanto ignoramos crimes reais”, observa.


Casos recentes, como a operação “Turko” da Polícia Federal, mostram redes de exploração infantil atuando em plataformas digitais. A discussão sobre as reborn, nesse contexto, pode obscurecer problemas estruturais mais graves.


Relações humanas e novas formas de conexão


O uso das bonecas reborn evidencia, segundo os especialistas, a busca por experiências afetivas controladas. Essa tendência se estende às interações digitais, como redes sociais, onde vínculos também são mediados por filtros e algoritmos.


O debate reforça a necessidade de reconstrução de espaços reais de escuta e convivência, sem substituições simbólicas. Especialistas defendem o fortalecimento de políticas públicas de saúde mental que promovam vínculos humanos e acolhimento emocional.

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