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o risco invisível de publicar uma imagem na internet

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Uma simples foto publicada na internet pode ganhar dimensões inimagináveis — e se transformar em um problema real. A cabeleireira brasileira Larissa Nery, de Belo Horizonte, viveu isso na pele ao descobrir que uma imagem sua, feita em 2017 por um amigo fotógrafo e divulgada em um banco de imagens, virou peça central em uma acusação de fraude eleitoral na Índia. O retrato foi usado em 22 registros de eleitores indianos com nomes e endereços diferentes, exibidos em uma coletiva do líder oposicionista Rahul Gandhi, que denunciava supostas irregularidades nas eleições locais.


Em entrevista à rede britânica BBC, Larissa afirmou que sem jamais ter estado na Índia, viu sua foto estampada em sites e redes sociais do outro lado do mundo, recebendo uma enxurrada de mensagens, ligações e marcações. O episódio ilustra de forma contundente o descontrole sobre a própria imagem na era digital, em que conteúdos publicados inocentemente podem ser apropriados, manipulados e ressignificados sem consentimento, atravessando fronteiras físicas e legais.


Esse caso acende um alerta importante sobre os riscos da exposição de nossas imagens, mesmo quando compartilhadas apenas em círculos restritos de relacionamentos. A sensação de segurança nas redes sociais e plataformas digitais é ilusória: qualquer conteúdo publicado pode ser replicado, baixado ou reutilizado fora de contexto — inclusive em outros países, como ocorreu com Larissa.


Diante disso, surge uma questão essencial: até que ponto a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) pode ser acionada em situações como essa, quando o uso indevido da imagem ultrapassa fronteiras e alcança continentes distantes, como o Sudeste Asiático? Embora a legislação brasileira assegure o direito à privacidade, ao consentimento e à exclusão de dados pessoais, sua aplicação se torna mais complexa em casos transnacionais, onde as plataformas e os responsáveis diretos pelo uso da imagem estão fora da jurisdição nacional.


O episódio reforça a urgência de debater e fortalecer mecanismos internacionais de proteção de dados e imagem, além de ampliar a conscientização individual sobre o que é compartilhado na internet. Afinal, como mostrou a história da cabeleireira mineira, uma simples fotografia, publicada anos atrás, pode se transformar em uma evidência política do outro lado do mundo — sem que seus protagonistas sequer saibam o porquê.

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