Estudo revela como extrema direita lidera anúncios políticos na Meta em 2025

Márcio Kerbel
26 de ago.
2 min de leitura

Relatório identifica os maiores anunciantes

O Projeto Brief lança nesta terça-feira (26), a nova edição do relatório Quem Paga a Banda, que analisa investimentos em anúncios políticos na plataforma da Meta. O estudo reúne dados do primeiro semestre de 2025, com foco na categoria “Sociedade”.

Foram desconsiderados partidos políticos, perfis assistencialistas e campanhas comerciais. O objetivo é identificar narrativas que buscam influenciar a opinião pública.

Ranking dos maiores anunciantes

Entre janeiro e junho de 2025, a Brasil Paralelo liderou os investimentos, com mais de R$ 1,6 milhão aplicados. O grupo superou em quatro vezes o valor gasto pelo Governo do Estado de São Paulo no mesmo período.

Outros destaques foram a Revista Oeste (R$ 923 mil), Paulo Guedes (R$ 624 mil) e o influenciador Victor Doné, que sozinho veiculou mais de 16 mil anúncios.

Top 10 anunciantes – Categoria Sociedade (jan-jun 2025):

Brasil Paralelo – R$ 1,61 mi (1.320 anúncios)
Revista Oeste – R$ 923 mil (836 anúncios)
Paulo Guedes – R$ 624 mil (54 anúncios)
Victor Doné – R$ 469 mil (16.087 anúncios)
Greenpeace Brasil – R$ 355 mil (820 anúncios)
GloboNews – R$ 330 mil (97 anúncios)
ICL Notícias – R$ 248 mil (745 anúncios)
Canal Meio – R$ 237 mil (191 anúncios)
Oxfam Brasil – R$ 221 mil (663 anúncios)
Brasil Paralelo Select – R$ 150 mil (78 anúncios)

Liberdade como eixo narrativo

O relatório mostra que a extrema direita adota três frentes principais para associar suas mensagens ao conceito de “liberdade”:

Expressão – usada para sustentar a ideia de perseguição e censura;
Financeira – ligada à defesa do Bitcoin e de independência econômica;
Política – apresentada como resistência a um suposto “estado de exceção”.

Essas narrativas são transformadas em produtos comerciais, como cursos e assinaturas de veículos digitais.

Disputa comunicacional

Outro ponto do estudo é a diferença de abordagem entre progressistas e conservadores. Enquanto a esquerda se fragmenta em temas como meio ambiente, diversidade e justiça social, a direita atua de forma coordenada em torno de três eixos centrais: liberdade, família e fé.

Segundo o coordenador-geral do Projeto Brief, Ricardo Borges Martins, a disputa vai além dos anúncios: “São investimentos milionários destinados a influenciar como as pessoas percebem o mundo”.