Distinções Direita x Esquerda - Zé Maia comenta artigo de Filinto Branco
- Zé Maia
- 7 de out.
- 2 min de leitura

Inicio esse pequeno artigo concordo plenamente com Filinto Branco, que afirmou que os rótulos de “esquerda” e “direita”, herdados da Revolução Francesa, hoje soam como ferramentas arqueológicas para interpretar realidades que mudam em velocidade digital. De fato, o uso repetitivo dessas categorias não ajuda a compreender a complexidade dos governos contemporâneos. Como bem lembrado, Trump ou a própria China mostram que os manuais de política clássica já não dão conta de enquadrar as contradições modernas.
Por outro lado, é interessante notar que, mesmo desgastadas, essas categorias ainda possuem uma utilidade simbólica: funcionam como linguagem rápida de identificação, sobretudo no jogo eleitoral. Se o eleitor médio não se guia por análises sofisticadas, esses rótulos acabam servindo como “atalhos cognitivos”. É imperfeito, mas cumpre um papel comunicacional.
Também há que se reconhecer que esquerda e direita, embora anacrônicas, carregam tradições históricas de luta – direitos trabalhistas, liberdades individuais, reformas sociais – que não desaparecem apenas porque a realidade as transcende.
Talvez o desafio não seja abolir os termos, mas reformulá-los em novas dimensões. Por exemplo:
Política da inclusão vs. política da exclusão (quem amplia direitos e quem restringe).
Política do curto prazo vs. política do longo prazo (quem governa para a próxima eleição e quem governa para a próxima geração).
Concordo ainda que a velha dicotomia alimenta a polarização. Mas há uma contradição inevitável: enquanto não surgirem novas narrativas fortes o bastante, esquerda e direita continuarão vivas – não por clareza analítica, mas por inércia cultural e pela conveniência de quem lucra com a divisão.
Portanto, talvez não seja hora de “enterrar” esquerda e direita, mas de subordiná-las a novos critérios mais fiéis ao século XXI. Não se trata de negar a história, mas de acrescentar novas lentes ao debate, capazes de nos proteger da simplificação grosseira sem cair no relativismo total.
Se a política virou supermercado, como você bem colocou, que ao menos aprendamos a ler os rótulos antes de consumir as ideias.









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