Encontro sobre Sífilis mobiliza rede pública de saúde de Niterói
- Rudá Lemos

- há 1 dia
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Conhecida pelo histórico combate às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), a Saúde de Niterói realizou seu 15º Encontro Municipal sobre Sífilis na sexta-feira (01/11). Com o tema "Sífilis Congênita: Priorizar e desenvolver estratégia rumo à eliminação da transmissão vertical em Niterói", o acontecimento serviu para o debate de estratégias de superação da transmissão da IST de mãe para filho(a).
"Foi um encontro marcado pela troca de saberes e experiências entre o público presente, palestrantes convidados e, inclusive, os gestores que lá estiveram presentes", avaliou a coordenadora da Assessoria Municipal de IST/HIV/AIDS e Hepatites Virais, Márcia Santana.
Guiando a mesa "Os desafios da Sífilis gestacional e da Sífilis Congênita no Brasil", Leonor Henriette, consultora da Vigilância de ISTs do Ministério da Saúde, iniciou o dia de debates.
Leonor trouxe os novos dados do Boletim da Sífilis de 2025 e os desafios impostos pela elevada prevalência da sífilis na população em geral. "Os dados mostram que os piores desfechos relacionados à sífilis congênita se encontram nas mulheres jovens, adolescentes e negras, confirmando a determinação social da doença", afirmou.
Segundo ela, enfrentar esse cenário precisa do fortalecimento do trabalho interdisciplinar e intersetorial. "É importante também, qualificar profissionais da Atenção Primária, ampliar o acesso à testagem e tratamento, não somente das gestantes, mas das mulheres em idade fértil, nos jovens em geral e nas populações chaves", ressaltou, alertando também a necessidade em dar visibilidade ao problema, envolvendo a comunicação comunitária e apoiar/fortalecer a vigilância epidemiológica.
A mesa consequente esteve composta por Thays Gonçalves, sanitarista eMulti do Médico de Família do Caramujo; Hugo Mendonça, chefe de Vigilância da Policlínica Regional Guilherme Taylor March - Fonseca; e Ana Cláudia Manhães, técnica da Vigilância da Sífilis em Gestantes e da Assessora de IST/Aids e Hepatites Virais da Coordenação de Vigilância Epidemiológica (COVIG).
Trabalhando no bairro Caramujo, Thays afirma que a região é a que tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Niterói, trazendo assim, os desafios atrelados aos determinantes sociais de saúde. "Criamos um grupo de trabalho constituído por uma representação de cada categoria profissional da equipe de saúde da família, além de uma representação da equipe de saúde bucal e de profissionais da equipe multiprofissional", explicou.
No grupo, criaram um fluxograma de trabalho, realização de sala de espera nesta temática e criação de relatório mensal. "Como consequência, em 2025 já observamos uma melhora no comprometimento dos profissionais em relação aos acompanhamentos, no conhecimento dos protocolos e na qualidade do cuidado destas gestantes com sífilis", sintetizou.
Já no Fonseca, Hugo Mendonça relatou a melhoria na quantidade de casos entre 2024 e 2025. No primeiro, foram 10 casos de Sífilis Congênita, enquanto no segundo apenas um caso foi relatado. "Eu tive a honra de mostrar o cenário epidemiológico da sífilis congênita no nosso território e quais foram as estratégias feitas pela nossa equipe para que esse agravo fosse reduzido", comemorou.
Por fim, Ana Cláudia Manhães trouxe uma nova ferramenta de vigilância epidemiológica desta IST. Ana apresentou a Planilha de Acompanhamento e Monitoramento de Sífilis em Gestante - uma ferramenta de monitoramento contínuo. Desde 2024, as equipes aderiram a esse sistema mais eficaz e digitalizado, que registra em tempo real os dados das gestantes.
"Os principais objetivos dessa ferramenta incluem assegurar a efetividade terapêutica da Sífilis na gestante, monitorar a evolução clínica e viabilizar ajustes oportunos no tratamento. Ademais, a planilha digital proporciona maior integração entre os diferentes níveis de atenção à saúde, favorecendo a comunicação entre as equipes, a redução de falhas operacionais e o fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica", explicou Ana.
O novo dispositivo garantiu acesso ágil às informações, o compartilhamento simultâneo de dados e a ampliação da capacidade de monitoramento dos casos em tempo real.
Todo o movimento da rede pública de saúde está vocacionado para a interrupção da cadeia de transmissão e o avanço rumo à eliminação da transmissão da Sífilis vertical!









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