Lula chega aos 80 anos ‘com energia de 30’ e mirando 4º mandato
- Redação RT Notícia
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O ano era 1945. O mundo celebrava o fim da Segunda Guerra Mundial e finalmente libertava dos campos de concentração milhares de pessoas aprisionadas pelo horror do nazismo. Nascia, portanto, em Nova York, a Organização das Nações Unidas (ONU), com a promessa de tempos de paz.
No Brasil, chegava ao fim o primeiro período de governo do ex-presidente Getúlio Vargas, conhecido como o “Estado Novo”, e em plena “Era do Rádio”, bombavam os sucessos de Dorival Caymmi, Nelson Gonçalves, Araci de Almeida e Carmen Miranda. Nas telonas, o público lotava as salas de cinema para assistir ao suspense psicológico de Alfred Hitchcock Quando Fala o Coração.
Foi nesse contexto que nasceu, no dia 27 de outubro daquele ano, na cidade de Garanhuns (PE), Luiz Inácio Lula da Silva, sétimo de oito filhos do casal de lavradores Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo — essa, conhecida como Dona Lindu.
Migrou ainda criança para São Paulo, onde cresceu, casou-se, profissionalizou-se torneiro mecânico e iniciou sua vida política na liderança das greves no ABC Paulista e na luta pela redemocratização do Brasil.
Pai de cinco filhos, viúvo por duas vezes e casado pela terceira com a atual primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, Lula completa 80 anos “com energia de 30 e tesão de 20”, como costuma dizer. Está à frente de seu terceiro mandato como presidente do Brasil e já antecipou que estará na disputa pela quarta vitória em 2026.
O Brasil de Fato conversou com amigos, companheiros de militância e de mais de cinco décadas de convivência ao lado do “filho do povo brasileiro”.
O começo de tudo
As grandes greves que marcaram o final dos anos 70 no Brasil são consideradas por muitos historiadores como o início de um processo de abertura gradual do regime militar, forçado pela pressão das ruas e da opinião pública internacional.
Foi nessa época que José Genoino conheceu aquele que ser tornaria um de seus amigos mais ilustres. “Eu conheci o presidente Lula no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, quando ele ainda não tinha fundado o PT e ele era presidente do sindicato. Eu fui com um companheiro de esquerda, meu amigo médico Aytan Sipahi. Aí nós fomos lá. Eu tinha acabado de sair da prisão em 77, era por volta de 78, eu dava aula em cursinho e participava daquela articulação política dos comitês de solidariedade à greve e também das reuniões para fundar um novo partido”, lembra o companheiro de militância.
“A primeira reunião que eu tive com o Lula, eu perguntei para ele: esse partido que você está querendo criar é estratégico ou tático?”, seguiu Genoino. “Aí ele disse para mim: ‘oh, não quero saber se é de vanguarda ou de estratégica ou tática, eu quero fazer um partido dos trabalhadores’”, relatou.
Foi nesse mesmo contexto que a hoje deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) se aproximou de Lula. “Eu fui convidada a participar de uma reunião onde um sindicalista estava discutindo a possibilidade de criar um partido em São Paulo. Aí eu falei: ‘Ah, mas o que eu vou fazer em São Paulo?’ Não, é porque para criar o partido tem que ter líderes de comunidade, tem que ter todo mundo, tem que ter estudante, ter religiosos, até apelidaram depois o Partido dos Trabalhadores, que era o partido da igreja”, conta a ex-governadora fluminense.
“Eu confesso que no primeiro dia assim que eu estava lá, eu fiquei assim… eu o admirava muito, mas fiquei olhando, olhando, e ele foi falando e eu fui me envolvendo, porque ele disse tudo que eu pensava, ele disse tudo que eu gostaria que fosse feito, para o pobre, para a classe média”, lembra a deputada.
“E eu me animei. Então, animada, eu fiz campanha para as pessoas se filiarem no PT e falava: ‘Olha, é um trabalhador, é um partido de um trabalhador”, rememora.
Tanto Genoino como Benedita já viam no então sindicalista, entusiasta e fundador do Partido dos Trabalhadores, uma liderança nacional.
“O papel da liderança dele estava claro para nós desde o início. Primeiro porque a gente se surpreendeu, saindo da clandestinidade, passando pela prisão, resistência armada, encontrar uma liderança de massa do tamanho do Lula”, conta o ex-deputado federal José Genoino.
“Eu vi aquela multidão de trabalhadores, trabalhadoras”, lembra Benedita. “Depois a gente estava discutindo a questão de direito de greve e tudo mais, e ele fazia aquelas reuniões enormes. Eu via naquele homem um talento, sabe? Eu sempre vi.”
Outro amigo de tempos que remontam o processo de criação do PT é o senador Jaques Wagner (PT-BA), apelidado por Lula de “Galego”.
“A minha relação com ele, para mim, é de amizade, de carinho, de respeito e de admiração. Sem idolatria, que você sabe que idolatria não ajuda a gente a ajudar quem a gente gosta, mas muito carinho, muito respeito meu e de Fátima”, conta o senador e ex-governador da Bahia.
“Eu fico me lembrando aqui, no Campo Grande [bairro de Salvador], o Congresso dos petroquímicos e petroleiros em 1978, na boca das diretas, já começando o movimento um pouquinho antes da lei da anistia, todos os partidos na clandestinidade, mas todo mundo se preparando para realinhar a vida política partidária”, recorda.
“Essa data foi muito marcante, porque naquele dia que nascia Sandro, o segundo filho dele, com a querida e saudosa Marisa. E ele tomou uma bronca. Eu me lembro porque que a Marisa ligou, não tinha celular, deve ter ligado para o hotel, e falou: ‘Tá vendo aí? Você vive nessas viagens, seu filho nasceu e você não está nem aqui’”, conta Wagner.
Naquele encontro, recorda o senador, foi uma das primeiras vezes que o então sindicalista Lula falou sobre a criação de um partido.
“Ele disse: ‘Galego, nós não podemos ficar só na luta sindical, só enxugando o gelo. Nós precisamos fazer um partido político para participar, para influenciar a política brasileira, a política nacional, que aí sim a gente vai conseguir resgatar o direito dos trabalhadores e trabalhadoras e diminuir esse fosso social que sempre foi, infelizmente, uma marca de uma elite muito cruel, que pensa muito em si, mas não pensa no Brasil e nos brasileiros’.”
A luta pela democratização e a Constituinte de 1988
Genoino lembra que a relação com o presidente passou por contradições, divergências e muitos pontos de unidade, com um momento de virada na relação entre os dois: a Constituinte de 1988.
“Eu fui para a Constituinte, foi quando eu dei um salto de qualidade na relação com o Lula, porque eu cheguei na Constituinte, eu conhecia o parlamento, eu já tinha tido um mandato, eu comecei a estudar muito o parlamento, como atuar. Eu me baseei naquela ideia: ‘se eu aprendi com a Amazônia, eu vou aprender com o parlamento e eu quero dominar o cenário, o território e as regras que funcionam isso aqui’. E virei um militante da Constituinte.”
Única parlamentar negra a participar da Assembleia Nacional Constituinte que redigiu a Constituição cidadã, Benedita lembra das trocas que tinha com Lula, que também era deputado constituinte. “Ele falava assim: ‘o que eu faço, Bené, aqui nessa comissão?’ Eu falava: Lula, você precisa dar força aqui nessa comissão que a gente está tocando tal tema”, lembra a deputada, ressaltando o lado companheiro e amigo do presidente.
“É importante falar isso porque parecem coisas menores. Mas não é a política que o Lula te oferece primeiro. Primeiro, ele oferece amizade, sabe? Consideração, amigo, de entender, de estar ali. Eu sou apaixonada, muito apaixonada, muito”, se declara.
Lula 1 e Lula 2
Foram três eleições consecutivas perdidas, em 1989, 1994, 1998, até que em 2002, o Brasil elegeu para governá-lo o primeiro presidente com carteira assinada, o primeiro trabalhador a conquistar o mais alto cargo da República.
As imagens do dia 1º de janeiro de 2003 documentam uma multidão de peregrinos, dos mais longínquos rincões do país, que percorreram centenas de quilômetros até chegar a Brasília para ver a posse de Lula. A mesma multidão que se refrescou no espelho d’água do Palácio do Planalto, celebrando aquele feito histórico.
Genoino lembra que na mesma eleição que elegeu Lula pela primeira vez, ele foi candidato ao governo de São Paulo, a pedido do presidente. Depois de não ter sido eleito, e com uma forte experiência no parlamento, ele acabou assumindo a presidência do PT e atuando como uma espécie de “ministro sem pasta” do novo governo.
“Primeiro eu participei da transição, da discussão sobre os ministérios, das escolhas… E no início de 2003 eu participava de tudo, porque eu estava na seguinte condição: ‘ou eu era um ministro sem pasta, ou um deputado sem mandato’”, brinca o ex-deputado, que se considera um “amigo sincero”.
“Eu me sentia muito à vontade com ele para dizer o que eu penso de maneira muito sincera. Aliás, a gente tinha um pacto: na conversa comigo, a gente fala tudo, mas nada é publicizado”, conta Genoino.
O senador Jaques Wagner compôs a primeira formação ministerial do governo Lula 1, primeiro como ministro do Trabalho e Emprego e depois como ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Para ele, é até difícil rememorar todas as conquistas realizadas naqueles primeiros mandatos presidenciais.
“Vou acabar esquecendo de alguma coisa, porque o volume de programas que ele fez focado no social, o Fome Zero, o Primeiro Emprego, o reajuste do salário mínimo, o apoio à agricultura familiar, o Bolsa Família, o Prouni, as escolas profissionalizantes. Aqui na Bahia, por exemplo, a gente tinha uma universidade, depois dele e da gente tem seis ou sete universidades federais. Tinha uma escola técnica, hoje tem mais de 20 ou mais de 30. Então eu acho que é muito grandioso tudo que ele fez”, avalia o senador.
Ao Brasil de Fato, o ex-ministro de Lula relembrou o episódio de uma entrevista do presidente, em que ele usou o termo “marolinha” para descartar que a crise econômica desatada em 2008 tivesse grande impacto sobre a economia brasileira.
“Um tempo depois, eu perguntei a ele: presidente, qual eram os dados que você tinha para dizer que aqui ia ser uma marolinha, e não tsunami? Por que o mundo todo estava impactado com aquilo? Ele falou: ‘Galego, eu não tinha nenhum elemento que me garantisse o que eu falei. A única coisa que eu tinha era consciência que se o líder do país, o líder de uma população de 200 milhões de habitantes não fosse dizer à população para se estimular e não se acovardar, se esconder e não gastar, aí nós vamos ter uma crise imensa”, relata Wagner.
“E acabou que o que ele falou prevaleceu aqui no Brasil. Não foi um tsunami, foi uma marolinha”, completa.
Para João Paulo Rodrigues, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a chegada de Lula ao governo, em 2003, “arrumou a casa”, e recolocou o papel do Estado na condução da política pública. Mas a grande marca foi a abertura de mecanismos de participação social nas decisões do governo federal.
“O presidente dá um tom de governo de centro, mas com uma participação popular muito grande. As idas dos ministros, a relação com o movimento popular, você tem o presidente que recebe no palácio todos os públicos possíveis imaginários da classe trabalhadoras, pessoas em situação de rua, catador, indígena, sem terra, comunidades LGBT”, avalia o dirigente sem terra, que também possui vínculos de amizade estreitos com o presidente Lula.
Por outro lado, Rodrigues destaca que também foram governos com limitação e problemas. “É um governo que fez uma aliança muito grande, um fortalecimento do centrão, famoso, o centrão surge com mais força. Aí é um governo que modernizou o agronegócio, volume de recursos absurdo”, considera. “E é um governo que escolheu mal e organizou mal o Judiciário”, completa Rodrigues.
Na jornada do herói, o maior desafio
Após ter deixado o governo com cerca de 80% de aprovação popular e conseguido eleger sua sucessora, a presidenta Dilma Rousseff, em 2010, Lula passou a dar palestras e percorrer o país e o mundo falando da experiência de reduzir drasticamente a fome no Brasil a partir de suas políticas sociais.
Em 2014, uma articulação ilegal entre o Ministério Público Federal do Paraná, em conluio com o ex-juiz Sérgio Moro e veículos de imprensa comerciais de projeção nacional, deu origem à chamada Operação Lava Jato, que investigava contratos entre empresas privadas e a Petrobras.
O conluio foi revelado em 2019, por um conjunto de reportagens do The Intercept Brasil que descortinaram os bastidores da operação e ensejaram a anulação de diversos processos da operação pelo Supremo Tribunal Federal.
Fato é que, por meio de interceptações telefônicas ilegais e vazamentos de conteúdos sigilosos à imprensa, a Operação Lava Jato obteve um amplo respaldo popular, que ajudava a legitimar uma verdadeira caçada com um objetivo final claro: prender Lula, o único representante de uma esquerda absolutamente desgastada, que ainda conservava um apoio capaz de ameaçar os planos da direita conservadora no Brasil, que já se articulava para um golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, consolidado em 2016.
Em março de 2018, após prestar uma série de depoimentos ao juiz de Curitiba, o presidente Lula decide realizar uma de suas caravanas pelo Sul do país, terminando justamente na capital paranaense, berço de seu maior inimigo. Na jornada do herói, teorizada pelo escritor estadunidense Joseph Campbell, é lá, no lugar de maior perigo, onde o herói enfrentará sua maior provação.
E foi. De Bagé (RS) a Curitiba, a caravana do presidente passou por situações inimagináveis. Perseguição, bloqueio de estradas, violência e mensagens de ódio. “A Caravana Lula pelo Brasil na região Sul tem sofrido uma série de agressões desde seu início. Seus integrantes foram atingidos por ovos e pedras, como o ex-deputado federal Paulo Frateschi (PT), que teve sua orelha dilacerada por uma pedra atirada por um opositor, na cidade de Chapecó (SC). Já em Foz do Iguaçu (PR), o padre Idalino Alflen, de 64 anos, levou uma pedrada na cabeça e foi atropelado por uma motocicleta, minutos antes do pronunciamento de Lula”, noticiou o Brasil de Fato à época.
Muitos manifestantes vestiam camisas com a foto do então deputado federal Jair Bolsonaro. Em diversas cidades, a caravana passava por outdoors imensos, ora com a foto do capitão, ora com mensagens que defendiam a prisão do petista. No último trecho da viagem, no dia 27 de março, entre as cidades de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, ambas no Paraná, a caravana do então ex-presidente sofreu um ataque a tiros, sem feridos.
“Não troco minha dignidade pela minha liberdade”
Dez dias após o episódio da emboscada à caravana, o então juiz Sérgio Moro decretou a prisão de Lula, que passaria 580 dias preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, passando por provações que jamais poderia imaginar: a morte de um neto, de um irmão, a proibição de dar entrevistas e a inabilitação de sua candidatura para as eleições de 2018.
“Só quem tem o direito de decretar meu fim é o povo brasileiro”, declarou o presidente ao se despedir da multidão que o cercava no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, pouco antes de se entregar voluntariamente à Polícia Federal. “Esse processo começou com uma mentira do jornal O Globo”, disse Lula. “Eu sempre tive a consciência de que, se o Lula pudesse ser candidato [em 2018], o golpe não fechava”, completou.
A ele ofereceriam a possibilidade de usar uma tornozeleira eletrônica e cumprir pena em prisão domiciliar, pelo que respondeu: “Não troco minha dignidade pela minha liberdade”. E da prisão, viu o início do governo de Jair Bolsonaro, e o juiz Sérgio Moro, seu ministro da Justiça. Mas não abandonava a certeza de que a verdade viria à tona.
Lula foi solto no dia 8 de novembro de 2019, após o Supremo Tribunal Federal ter considerado a prisão após condenação em segunda instância inconstitucional. Em 2021, o STF anulou as condenações, por considerar o ex-juiz Sérgio Moro parcial para julgá-lo, devolvendo ao petista seus direitos políticos.
Em 2022, o personagem heroico teria sua recompensa confirmada: com mais de 60 milhões de votos, foi eleito para um terceiro mandato, derrotando o presidente de então, que se tornou o único desde a criação do instituto da reeleição a não conseguir se reeleger. No caminho de volta, ele enfrentaria novos desafios.
Lula 3… e Lula 4?
O atual governo Lula 3 teve início a partir da ideia de “reconstrução” do país, após sucessivos desmontes promovidos pelo governo de extrema direita liderado por Jair Bolsonaro. Os resultados têm aparecido. Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o presidente terminará seu terceiro mandato com o melhor resultado fiscal desde 2015. Para 2026, a meta é de superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente a R$ 34,3 bilhões.
Por outro lado, o desemprego tem uma das menores taxas da série histórica, perto dos 5%, e o nível de crescimento da economia tem se mantido acima dos 3% nos últimos três anos.
Além disso, em agosto, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou seu relatório anual, atestando que o país saiu novamente do Mapa da Fome. A última vez que isso ocorreu foi em 2014, e o atual governo recebeu o país com cerca de 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave.
Genoino defende que, após realizada a tarefa de recuperar a democracia e reconstruir as políticas sociais que garantem condições mínimas de vida para a população, um quarto mandato de Lula deve retomar as bases do partido e realizar transformações estruturais que ainda estão por fazer.
“Nós governamos, colocando o povo no orçamento, fazendo inclusão, reformas sociais. Nós governamos melhorando a renda do país, o emprego, as políticas de inclusão, mas o Brasil carece de mudanças estruturais na democracia”, avalia o petista, citando as tarefas inconclusas e urgentes para o país, entre elas, a reforma agrária, a democratização dos meios de comunicação, a reforma dos poderes públicos, incluindo Judiciário e Legislativo, além do fim da “tutela militar”.
“Eu acho que a candidatura do Lula tem que estar amarrada nessas grandes bandeiras estratégicas sobre o futuro do país”, opina Genoino.
Para Benedita, além da admiração e carinho que o presidente conserva em amplos setores da sociedade, sua reeleição deverá ser viabilizada, sobretudo, pelos resultados concretos da atual gestão na vida da população.
“O povo quer o Lula reeleito. A pessoa lá na ponta que está sendo beneficiada, ela sabe fazer a diferença entre governos e governos. O Brasil ficou mais perto de todo mundo, e uma reeleição, eu acho que ele completa esse ciclo”, avalia a deputada.
Jaques Wagner recorda o conselho dado por sua maior inspiração, sua mãe, sobre persistência. “O presidente Lula tem sempre uma inspiração que para ele é fundamental, de dona Lindu, o carinho e a lembrança de dona Lindu dizendo para ele, teime, continue teimando, não desiste. O que anima ele é saber que ele fez uma contribuição para diminuir essa injustiça, para pregar a paz, para não alimentar o conflito e a guerra”, avalia o senador.
“Não vejo ninguém mais preparado, com mais energia, com mais visão do que é preciso fazer do que ele e com capacidade de liderar a sua equipe e a sociedade”, opina o baiano.
Para João Paulo Rodrigues, do MST, o atual governo conseguiu recompor as perdas dos seis anos em que foi governado pela direita e pela extrema direita, no entanto, é preciso avançar, sobretudo, na construção de um novo modelo econômico que dê conta dos desafios dessa época.
“A esquerda precisa organizar uma nova perspectiva de desenvolvimento a partir da organização do mundo do trabalho. Nós não temos condições de manter uma política de estado que seja baseado somente na política de compensação social. Ela não dá conta de resolver as contradições”, sugere Rodrigues, destacando a tarefa histórica inconclusa de realização de uma reforma agrária ampla e popular, como parte de um projeto nacional de desenvolvimento.
“Seria muito mais digno para o governo e para nós, que parte dos recursos que o governo coloca num conjunto de programas sociais pudesse voltar para a reforma agrária, que é um projeto de desenvolvimento, que é um projeto que produz e que gera renda e trabalho. Mas isso tem que ter vontade”, afirma.
“Ou seja”, segue o dirigente do MST, “para você ter uma noção — e eu não estou fazendo uma crítica que tem que mudar, só estou dizendo — nós colocamos mais de R$ 420 bilhões nas várias políticas de assistência, que é uma conquista importante. E nós só conseguimos colocar R$ 300 milhões para reforma agrária. Então nós precisamos mudar essa lógica, não tem sentido. Nós precisávamos pelo menos R$ 2 bilhões para a reforma agrária. Já resolvia um baita programa de desenvolvimento”, conclui, agregando a necessidade de construir uma “agenda em defesa da soberania nacional”, o que passa pela soberania alimentar e a proteção do meio ambiente.
Legado histórico
Para o amigo e companheiro de militância José Genoino, para além das contradições inerentes à história, Lula “é produto da classe trabalhadora, da classe operária, na sua dimensão de luta, de organização e nos seus dilemas”. “E o Lula é da política. O Lula se encanta com a política. O Lula ama a política”, diz o ex-deputado.
“Lula é uma liderança que tem uma autenticidade e é reconhecido pela classe trabalhadora por essa autenticidade, por essa força. Você pode fazer avaliações de alguns momentos: tem ambiguidade, noutros momentos ele podia ter uma elaboração de um núcleo político mais avançado. Mas ele, para mim, o grande legado do Lula é que o Brasil, eu acho que produziu uma das maiores lideranças de um projeto de transformação no Brasil. Igualando a [Getúlio] Vargas, Leonel Brizola, João Goulart, Juscelino [Kubitschek], Lula é filho, como diz o livro da Denise Paraná, filho do povo brasileiro, que emerge com uma capacidade política que é fenomenal”, comenta.
O tamanho do legado do único presidente a ser eleito três vezes pelo voto popular no Brasil ainda fica por ser comprovado, tomada a devida distância na história e diante do porvir, já que Lula é, até a data desta publicação, o candidato natural e favorito à reeleição nas eleições presidenciais de 2026, quando já terá completado 81 anos.
Homenagens
Neste ano, o presidente Lula vai passar a data do seu aniversário em Kuala Lumpur, capital da Malásia, onde participa da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Mas os amigos aproveitaram para enviar suas mensagens através desta reportagem.
“Presidente Lula, o que eu te desejo é sua reeleição, porque a sua reeleição é reeleição do povo brasileiro. Parabéns, Lula. Você merece viver, viver, viver, viver, viver. Que Deus te abençoe grandemente. Que em todo tempo você tenha o socorro de Deus, em todo tempo você possa servir as pessoas que mais precisam e que nós possamos também centenas e centenas de vezes comemorar o seu aniversário. Parabéns, presidente Lula, feliz aniversário”, declarou a deputada Benedita da Silva.
“Lula, você representa muito para o povo brasileiro. Você é a materialização da esperança, do sonho. Receba o meu abraço militante”, disse José Genoino.
“Não é para todo mundo, ainda mais com essa vitalidade sua, correndo a 8 km/h, cheio de energia, parecendo um cabrito, pulando de país em país, só no sucesso”, brincou Wagner.
“Mas parabéns, Deus lhe abençoe, lhe dê muita luz para continuar dirigindo o nosso país como se dirige, em favor das pessoas que mais precisam, em favor da soberania nacional, do crescimento da nossa economia”, declarou.
“Caro presidente, quero desejar feliz aniversário para você e, óbvio, que você tenha uma boa saúde e continua com essa sua inteligência guiando nosso país, orientando as nossas organizações, os nossos partidos e cuidando do nosso povo. Que o senhor possa ter um tempinho para poder fazer as suas pescarias, que é tão importante para a saúde mental, mas não saia do meio do povo. Vida longa. Presidente Lula, estamos juntos”, disse João Paulo Rodrigues.
Em homenagem ao aniversário de 80 anos, a escola de samba Acadêmicos de Niterói, estreante no Grupo Especial do carnaval carioca, vai desfilar pela Marquês de Sapucaí com um enredo sobre sua história de vida, de Garanhuns ao Palácio do Planalto. “Tem filho de pobre virando doutor / comida na mesa do trabalhador / a fome tem pressa”, diz a letra do samba enredo.
Fonte: Brasil de Fato









Lula, mesmo aos 80 anos, é um estadista que sai pelo mundo e volta com negócios para o Brasil. Surge um governo impetuoso, punindo o país, e ele devagar domina a situação.
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