
O setor de alimentação fora do lar, que inclui bares e restaurantes, movimentou R$ 416 bilhões em 2023, o equivalente a 3,6% do PIB nacional. Os dados são de um estudo inédito apresentado pela Abrasel e pela Escola de Economia da FGV durante a conferência “Bares e Restaurantes no Brasil”.
O impacto socioeconômico do setor é significativo. Cada R$ 1.000,00 gastos geram R$ 3.650 em efeitos diretos, indiretos e induzidos na economia. Além disso, o setor emprega diretamente 4,94 milhões de pessoas, representando 7,9% dos empregos formais no Brasil.
Perfil do setor e desafios
O estudo revelou que 94% das empresas do segmento são microempresas e 65% dos empreendedores atuam como MEIs. Com uma força de trabalho jovem (média de 34 anos), o setor é diverso, sendo composto por 49% de mulheres e 63% de pretos e pardos.
No entanto, desafios como a alta informalidade (41%), inadimplência, dificuldades de acesso a crédito e custos tributários elevados comprometem a competitividade do setor. A baixa qualificação da mão de obra também é um entrave para o crescimento sustentável.
Plano Nacional de Restauração
A Abrasel lançou durante o evento o Plano Nacional de Restauração, com ações voltadas para a desoneração da folha de pagamento, simplificação tributária e ampliação do acesso a programas de fomento, como o PERSE (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos).
O plano também prevê parcerias com Sebrae e Senac para capacitação e treinamento, além de promover iniciativas em comunidades e favelas para apoiar pequenos empreendedores e fortalecer o associativismo.
Impacto social e futuro do setor
O professor Márcio Holland, da FGV, destacou que o setor é uma via importante de ascensão social no Brasil. Ele ressaltou a necessidade de enfrentar a informalidade e implementar uma agenda de inovação para aumentar a produtividade. “Para promover produtividade em um setor, é essencial enfrentar a questão da informalidade, que hoje atinge metade dos empreendimentos. A informalidade impacta diretamente o capital humano, dificultando treinamento, qualificação e, consequentemente, gerando altos índices de rotatividade. Esse ciclo vicioso também mantém os salários baixos e desincentiva investimentos”, explica.
“É necessário criar uma estrutura de incentivos que estimule o aperfeiçoamento do setor, incluindo programas de capacitação, qualificação e treinamento. Além disso, o setor precisa incorporar uma agenda de inovação, um ponto recorrente em estudos internacionais sobre food service, que destacam avanços variados nessa área”, explica o professor.
Коментарі