A vitória de Yamandú Orsi, com 51,6% dos votos, nas eleições presidenciais do Uruguai de domingo (24/11) representa um momento de renovação para a Frente Ampla. O ex-governador de Canelones assume como imediato sucessor político de José Mujica, figura histórica da esquerda uruguaia. Aos 88 anos, Mujica participou da campanha, destacando a importância de preservar os ideais progressistas no país.
“Pepe” foi presidente entre 2010 e 2015 e enxerga em Orsi a capacidade de modernizar o projeto da Frente Ampla sem romper com os princípios de inclusão social e desenvolvimento sustentável. Orsi, com experiência consolidada em negociações e liderança no segundo maior departamento do Uruguai, é visto como alguém preparado para enfrentar os desafios de governar um Parlamento fragmentado. Durante a campanha, ele enfatizou a necessidade de fortalecer políticas públicas voltadas para educação, saúde e infraestrutura, áreas que sofreram cortes nos últimos anos.
No Brasil, a transição de Mujica para Orsi desperta comparações com a necessidade de renovação no Partido dos Trabalhadores (PT). Lula, próximo de Mujica, também enfrenta o desafio de preparar sua sucessão e garantir a continuidade de seu projeto político. Aos 79 anos, o presidente brasileiro enfrenta este desafio de encaminhar a continuidade de seu legado político e um maior avanço nas conquistas sociais, reduzidas durante os governos Temer e Bolsonaro. A eleição de Orsi é um marco de como as coalizões progressistas podem se renovar enquanto preservam a unidade interna.
É também uma prova que a transição deve ser planejada, capaz de resistir à polarização política e consolidar políticas públicas. Com a posse prevista para março de 2025, Yamandú Orsi terá a tarefa de demonstrar que o modelo progressista da Frente Ampla continua relevante. A presença de Mujica ao lado do novo presidente reforça que, mesmo fora do cargo, ele permanece um guardião ativo dos ideais da coalizão.
Assim sendo, o Uruguai mostra que o velho sonho de uma América Latina emancipada e justa permanece viva. É um lembrete de que ainda podemos romper com as amarras do neoliberalismo e afastar os avanços do fascismo. Essa vitória não é apenas de um país, mas de uma região que insiste em sonhar com soberania, igualdade e dignidade para todos os seus povos. O futuro latino-americano deveria ser tão alcançável quanto o sonho que sempre o alimentou.
Foto: AP pic
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