Documento detalha ações clandestinas, reuniões com militares e tentativa de ruptura democrática no Brasil
O relatório final da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil apontou que Jair Bolsonaro teve participação direta e ativa no planejamento e execução das ações. Segundo o documento, a trama golpista buscava abolir o Estado Democrático de Direito, mas não foi concretizada por circunstâncias alheias à vontade dos envolvidos.
O texto, tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes, revela que o então presidente articulou narrativas contra o sistema eleitoral desde 2019. Após a derrota nas eleições de 2022, Bolsonaro teria elaborado um decreto para impedir a posse do governo eleito.
Evidências de articulação militar e minuta golpista
De acordo com a investigação, Bolsonaro recebeu a "minuta do golpe" por meio de assessores e determinou alterações no documento. Além disso, ele realizou reuniões com líderes militares, buscando apoio das Forças Armadas para executar o plano. O comandante da Marinha, Almir Garnier, teria se alinhado à trama, enquanto outros líderes, como o general Freire Gomes, resistiram.
As mensagens extraídas do celular do tenente-coronel Mauro Cid reforçam a participação direta de Bolsonaro. A PF também identificou núcleos organizados para desinformação, incitação de militares e execução de medidas coercitivas.
Tentativa de assassinato de autoridades
Outro ponto levantado pela investigação foi o planejamento de assassinatos de líderes como o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. A ação teria sido liderada pelo general da reserva Mario Fernandes, que elaborou o plano "Punhal Verde Amarelo" com divisão de tarefas e uso de armamento militar.
A PF concluiu que o grupo cometeu crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe e formação de organização criminosa. As penas previstas variam entre 12 e 28 anos de prisão.
Próximos passos
O relatório foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deverá analisar as provas e decidir sobre eventuais denúncias contra os envolvidos. Bolsonaro negou envolvimento em atos golpistas, mas confirmou discussões sobre decretos que poderiam instaurar estado de sítio após sua derrota eleitoral.
Comments