
Se o gosto por um bom texto me chegou ainda nos primeiros anos do ensino fundamental, devo isso a grandes escritores como Marina Colasanti, que despertaram em mim o interesse pela literatura.
Com suas crônicas, mergulhei naquele mundo que, anos mais tarde, me tornaria um leitor assíduo de jornais. Jornais que respeitassem a inteligência do leitor, como o Jornal do Brasil, do qual Marina Colasanti foi editora.
Na escola, cada palavra escrita era saboreada e servia como uma porta de entrada para uma realidade repleta de sutilezas, sensibilidades e uma visão humanista — elementos tão necessários nestes tempos estranhos, marcados por hostilidades e ganância.
Marina, talentosa e multifacetada, somava habilidades admiráveis. Foi escritora, contista, jornalista, tradutora e artista plástica. Nascida na então colônia italiana da Eritreia, chegou ao Brasil em 1948 e deixou um legado impressionante: mais de 70 livros para crianças e adultos.
Tanto talento talvez tenha raízes familiares. Seu pai, Manfredo Colasanti, trabalhou em filmes e novelas, e seu irmão, Arduíno Colasanti, atuou em diversas produções do Cinema Novo. Marina era casada com o escritor Afonso Romano de Sant'Anna, com quem compartilhou uma vida dedicada às artes e à literatura.
Marina Colasanti faleceu nesta terça-feira (28), aos 87 anos, em sua casa no Rio de Janeiro. Deixa a filha Alessandra, o neto Nuno e uma legião de admiradores que acompanharam sua trajetória literária marcada por inteligência, elegância e sensibilidade. Sua partida nos deixa não apenas a saudade, mas também a certeza de que sua obra continuará a inspirar gerações.
Foto: Divulgação
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