Na quarta-feira (6), as unidades de saúde de Niterói, o Hospital Getulio Vargas Filho (Getulinho), referência em saúde pediátrica no estado do Rio de Janeiro e o Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (UFF), participaram do “II Colóquio de Atendimento Educacional Hospitalar: Por um fazer pedagógico inclusivo.”
O evento foi organizado pela Secretaria Municipal de Educação (SME), em parceria com o Programa Pedagogia Hospitalar (dispositivo de cooperação entre a pasta da Educação com a Secretaria Municipal de Saúde - SMS), no objetivo de discutir estratégias pedagógicas que atendam crianças e adolescentes que passam por tratamento hospitalar, a fim de garantir que elas possam manter seu aprendizado da melhor forma possível. O encontro, que aconteceu das 9h às 16h na Secretaria de Ordem Pública (SEOP), no Barreto, contou com a presença de especialistas e profissionais e gestores da Educação e da Saúde.
A Pedagogia Hospitalar, iniciativa presente no Getulinho desde 1996, é um programa que proporciona continuidade no aprendizado de crianças e adolescentes em tratamento, garantindo acesso à educação mesmo na condição atípica do ambiente hospitalar. No Getulinho, essa assistência pedagógica acontece principalmente em uma sala do setor do ambulatório e no pátio - em alguns casos, as ações podem ser feitas também diretamente nos leitos. Já pelo Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), além do serviço pedagógico dentro da unidade de saúde, há também a oferta educacional por meio do Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD), sob a coordenação de Victor Vila, que apresentou o trabalho iniciado em 2004.
Durante a mesa de abertura, Vivian Padial, coordenadora da Pedagogia Hospitalar do Getulinho, enfatizou a importância da “escuta pedagógica” um método que valoriza a compreensão não apenas do que é dito, mas também das lacunas e silêncios: “Estamos empenhados aqui na busca da vida plena escolar de todos,” afirmou Padial. A mesa de abertura também contou com Anselmo Carvalho, diretor administrativo do Getulinho; Ana Lucia de Amorim, chefe da unidade da criança e adolescente do HUAP; e Delma Marcelo, diretora de Articulação Pedagógica - todos discutindo a relevância desse apoio educacional tanto para o desenvolvimento infantil como na melhoria de qualidade de vida dos pacientes.
Ana Patrícia Bastos, professora da Pedagogia Hospitalar, destacou a importância deste suporte educacional. “Percebemos que a vida da criança pulsa, ela está cheia de potencialidades e desejos mesmo com as fragilidades do ambiente hospitalar,” comentou. O grupo é formado pela também professora, Karoline Rosa, e pela psicóloga, Lauane Nunes.
O evento seguiu com dinâmicas e discussões colaborativas, onde os participantes se dividiram em grupos para explorar soluções pedagógicas inclusivas, refletindo sobre como o aprendizado pode impactar positivamente a recuperação clínica das crianças - e como a melhoria em saúde pode acarretar na maior possibilidade de aquisição de conhecimentos.
Durante as dinâmicas, a subsecretária de desenvolvimento educacional da SME, Ana Schilke, que também foi convidada para a mesa de aberrtura, compartilhou sua experiência pioneira com o projeto, reforçando a importância da escuta ativa, o respeito às identidades individuais e a necessidade de constantes estudos de caso (os rounds) dessas crianças e adolescentes.
Diabetes e doença falciforme - À tarde, o Colóquio se concentrou nas melhores práticas educacionais para crianças e adolescentes com doenças crônicas, como diabetes e doença falciforme. Estes casos, devido à necessidade de hospitalizações frequentes, podem ocasionar em faltas, dificuldades no aprendizado e, em alguns casos, evasão escolar. Os debates, portanto, serviram para sensibilizar e capacitar a fim de evitar prejuízos aos alunos/pacientes.
Os profissionais de saúde, a família e os educadores devem estar alinhados na construção coletiva de protocolos para o acolhimento e proteção das crianças e adolescentes com doenças crônicas. No grupo das diabetes, a endocrinologista do Getulinho, Clarissa Osorio, destacou a importância da colaboração entre a escola, pais/responsáveis e a equipe médica: “A responsabilidade é de todos os envolvidos - não devemos deixar de acolher,” declarou a médica. Entre as instruções debatidas neste grupo estavam a aplicação da insulina, a medição da glicose e os cuidados com alimentação e atividades físicas.
No grupo focado na doença falciforme, foi destacada a importância de um olhar atento dos profissionais às queixas de dor dos pacientes, condição que pode ser agravada caso não haja intervenção precoce. O consumo de água foi outro ponto de atenção, já que a hidratação constante é essencial para mitigar os efeitos desta doença que, majoritariamente, atinge pessoas negras, tema também de destaque no debate.
O II Colóquio de Atendimento Educacional Hospitalar reforçou a missão de garantir que a educação inclusiva seja um direito acessível a todos, independentemente das condições de saúde. O evento destacou o papel essencial da cooperação técnica entre as secretarias de Educação e Saúde, com a Pedagogia Hospitalar, demonstrando o comprometimento de Niterói com a inclusão e a qualidade de vida dos jovens cidadãos em seus tratamentos médicos e na continuidade de seus estudos.
Comentarios