Especialistas defendem ação conjunta de governos, empresas e sociedade
A educação midiática está no centro das discussões sobre combate à desinformação, especialmente em um mundo onde os conteúdos alterados por inteligência artificial (IA) representam um grande risco global. Em janeiro de 2024, o Fórum Econômico Mundial classificou a desinformação como o segundo maior risco global, ficando atrás apenas do clima extremo. De acordo com especialistas, essa ameaça põe em risco a democracia, e a educação midiática é vista como uma ferramenta crucial para formar uma população crítica, capaz de identificar e combater informações falsas.
Este foi o principal tema do Encontro Internacional de Educação Midiática, realizado nos dias 23 e 24 de maio no Rio de Janeiro. O evento, que reuniu gestores públicos, representantes de organizações sociais, jornalistas e educadores, discutiu o papel vital da educação midiática na defesa da democracia e no enfrentamento da desinformação.
Importância da Educação Midiática
Rebeca Otero, coordenadora da área de Educação da Unesco no Brasil, enfatizou a necessidade de políticas públicas robustas que priorizem a educação midiática, destacando que a prioridade deve ser refletida no orçamento destinado a essa área. "Educação midiática é um direito de todas as pessoas e é fundamental para a defesa da democracia e enfrentamento da desinformação", afirmou.
Adeline Hulin, chefe da Unidade de Alfabetização Midiática e Informacional da Unesco, apresentou resultados de uma pesquisa da London School of Economics and Political Science, que demonstrou como as informações geradas por IA podem ser tendenciosas. "Nosso objetivo é fazer com que a inteligência artificial se torne uma força positiva e não uma fonte de confusão e desinformação", disse Hulin, destacando a importância de pensamento crítico e a necessidade de transparência e responsabilização das plataformas digitais.
Educação e Tecnologia
No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já estabelece que todos os estudantes devem ser capazes de utilizar tecnologias digitais de forma crítica e ética. No entanto, ainda há desafios a serem superados, como destacou Rossieli Soares, secretário de Educação do Pará, que mencionou a dificuldade de alfabetizar crianças, um passo fundamental para desenvolver uma cultura de leitura e pensamento crítico.
Renan Ferreirinha, secretário de Educação do Rio de Janeiro, defendeu medidas para evitar o uso excessivo de celulares nas salas de aula, destacando a importância da interação humana no ambiente escolar. Uma pesquisa de opinião pública no município mostrou que 93% dos entrevistados apoiam a regulamentação do uso de celulares nas escolas.
Ação do Governo Federal
Desde 2023, o Brasil conta com a Secretaria de Políticas Digitais, que desenvolveu a Estratégia Brasileira de Educação Midiática. O governo planeja formar 300 mil profissionais da educação e 400 mil profissionais da saúde em educação midiática, além de promover a primeira Olimpíada Brasileira de Educação Midiática.
Mariana Filizola, coordenadora-geral de Educação Midiática do Departamento de Direitos na Rede e Educação Midiática, destacou a importância dos professores como multiplicadores desse conhecimento, reforçando o papel da sociedade na promoção da educação midiática.
O Encontro Internacional de Educação Midiática, realizado pelo Instituto Palavra Aberta com apoio da Unesco, sublinhou a importância de uma abordagem colaborativa para combater a desinformação. A educação midiática emerge como uma ferramenta essencial para garantir que a população esteja preparada para enfrentar os desafios da era da informação.
Com informações da Agência Brasil
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
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